segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia d@ Professor/a - Palavras de Paulo Freire


"SOU PROFESSOR A FAVOR DA LUTA CONSTANTE CONTRA QUALQUER FORMA DE DISCRIMINAÇÃO E CONTRA A DOMINAÇÃO ECONÔMICA"

“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo.
Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê.
Não posso ser professor a favor simplesmente do homem ou da humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativaSou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura.
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não desiste. Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar.”
(Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia, São Paulo, Paz e Terra, 2011)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O transporte urbano no Brasil

por Eduardo A. Vasconcellos -  fonte:  http://www.diplomatique.org.br

Uma política diferente de mobilidade deveria reduzir os benefícios e subsídios ao transporte individual, garantir espaço nas vias públicas para que as formas não motorizadas e o transporte público tenham qualidade, segurança e prioridade na circulação, e incentivar novas formas de ocupação e desenvolvimento urbano.http://www.diplomatique.org.br/interf/spacer.gif
http://www.diplomatique.org.br/interf/spacer.gif

As maiores cidades brasileiras, assim como muitas grandes cidades de países em desenvolvimento, foram adaptadas, nas últimas décadas, para o uso eficiente do automóvel, o que correspondeu a um projeto de privatização da mobilidade, fortemente associada aos interesses das classes médias formadas no processo de acumulação capitalista. Vários esquemas de financiamento e incentivo mercadológico promoveram grande ampliação da frota de automóveis no Brasil e, mais recentemente, da frota de motocicletas, neste caso atendendo a um público mais jovem e novos grupos em ascensão social e econômica.
Paralelamente, o sistema de transporte público foi crescentemente negligenciado, em uma pedagogia negativa para afastar a sociedade do seu uso como principal forma de transporte motorizado. O transporte público, apesar de alguns investimentos importantes em locais específicos, permaneceu insuficiente e de baixa qualidade e tem experimentado crises financeiras cíclicas, ligadas principalmente à incompatibilidade entre custos, gratuidades, tarifas e receitas, bem como às deficiências na gestão e na operação. Adicionalmente, ele experimentou um declínio na sua importância, eficiência e confiabilidade junto ao público, passando a ser visto como um “mal necessário” para aqueles que não podem dispor do automóvel ou da motocicleta.

domingo, 1 de julho de 2012

Pelo fim das ameaças e intimidações a Frei Gilvander Moreira


Frei Gilvander Moreira
Frei Gilvander Moreira
O Movimento Nacional de direitos Humanos/MG e o Instituto de Direitos Humanos – DH, MIDHIA – Comunicação e Direitos Humanos vem pelo presente, repudiar as constantes ameaças de morte e intimidações sofridas por Frei Gilvander Luis Moreira, Defensor de Direitos Humanos.
As lutas empreendidas e bandeiras de direitos humanos levantadas em defesa dos pobres de Belo Horizonte e de Minas Gerais têm incomodado setores que há tempos fazem de tudo, para intimidar e calar a voz deste profeta.
No último dia 21 de junho de 2012, Frei Gilvander Luis Moreira recebeu uma homenagem na Câmara dos vereadores de Belo Horizonte, MG, contemplado com o Diploma de Honra ao Mérito, por indicação do Vereador Adriano Ventura.
No dia seguinte à homenagem, o Frei Gilvander Moreira voltou a sofrer ameaças por telefone. As ligações e ameaças seguiram nos dias 25, 26 e ontem, dia 27 de junho. Entre as palavras de ameaças e intimidações, o agressor fala palavrões e sugere que o Frei mude de Belo Horizonte o quanto antes e que “sua batata já assou”.
Entidades e Movimentos que quiserem poderão socializar essa informação em suas redes e contatos.
Informamos que estamos tomando as providências necessárias junto as autoridades competentes, para que sejam cessadas as ameaças e intimidações.
O Frei continua Inserido no Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais – PDDH-MG, conforme o Decreto 6.044/2007, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República -SEDH, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social – SEDESE e o Instituto de Direitos Humanos – Instituto DH.
Assinam:
Padre Henrique de Moura Faria – Instituto DH; Ana Lúcia Figueiredo – MiDHia – Comunicação e Direitos Humanos – Gildázio Alves dos Santos – Movimento Nacional de Direitos Humanos/ MG- Bruno Cardoso- Conselheiro do CONEDH.

por Andréa Zhouri.
Fonte: http://www.ecodebate.com.br

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Monsanto golpea en Paraguay: Los muertos de Curuguaty y el juicio político a Lugo.


Idilio Méndez Grimaldi (*)

Quienes están detrás de esta trama tan siniestra? Los propulsores de una ideología que promueven el máximo beneficio económico a cualquier precio y cuanto más, mejor, ahora y en el futuro.

El viernes 15 de junio de 2012, un grupo de policías que iba a cumplir una orden de desalojo en el departamento de Canindeyú en la frontera con Brasil, fue emboscado por francotiradores, mezclados con campesinos que reclamaban tierras para sobrevivir. La orden fue dada por un juez y una fiscala para proteger a un latifundista. Como resultado se tuvo 17 muertos; 6 policías y 11 campesinos y decenas de heridos graves. Las consecuencias: El laxo y timorato gobierno de Fernando Lugo quedó con debilidad ascendente y extrema, cada vez más derechizado, a punto de ser llevado a juicio político por un Congreso dominado por la derecha; duro revés a la izquierda, a las organizaciones sociales y campesinas, acusadas por la oligarquía terrateniente de instigar a los campesinos; avance del agronegocio extractivista de manos de las transnacionales como Monsanto, mediante la persecución a los campesinos y el arrebato de sus tierras y, finalmente, la instalación de una cómoda platea para la los oligarcas y los partidos de derecha para su retorno triunfal en las elecciones de 2013 al Poder Ejecutivo.

El 21 de octubre de 2011, el Ministerio de Agricultura y Ganadería, dirigido por el liberal Enzo Cardozo, liberó ilegalmente la semilla de algodón transgénico Bollgard BT de la compañía norteamericana de biotecnología Monsanto, para su siembra comercial en Paraguay. Las protestas campesinas y de organizaciones ambientalistas no se dejaron esperar. El gen de este algodón está mezclado con el gen del Bacillus Thurigensis, una bacteria tóxica que mata a algunas plagas del algodón, como las larvas del picudo, un coleóptero que oviposita en el capullo del textil. El Servicio de Nacional de Calidad y Sanidad Vegetal y de Semillas, SENAVE, otra institución del Estado paraguayo, dirigido por Miguel Lovera, no inscribió dicha semilla transgénica en los registros de cultivares, por carecer de los dictámenes del Ministerio de Salud y de la Secretaría del Ambiente, tal como exige la legislación.

Campaña mediática

Durante los meses posteriores, Monsanto, a través de la Unión de Gremios de Producción, UGP, estrechamente ligada al Grupo Zuccolillo, que publica el diario ABC Color, arremetió contra SENAVE y su presidente por no inscribir la semilla transgénica de Monsanto para su uso comercial en todo el país.

La cuenta regresiva decisiva pareció haberse dado con una nueva denuncia por parte de una seudosindicalista del SENAVE, de nombre Silvia Martínez, quien acusó el 7 de junio pasado a Lovera de corrupción y nepotismo en la institución que dirige, a través de ABC Color. Martínez es esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de varias empresas agrícolas, entre ellas Agrosán, recientemente adquirida por 120 millones de dólares por Syngenta, otra transnacional, todas socias de la UGP.

Al día siguiente, viernes 8 de junio, la UGP publica en ABC a seis columnas: “Los 12 argumentos para destituir a Lovera” (1). Estos presuntos argumentos fueron presentados al vicepresidente de la República, correligionario del ministro de Agricultura, el liberal Federico Franco, quien en ese momento se desempeñaba como presidente de Paraguay en ausencia de Lugo, de viaje por Asia.

El viernes 15 del corriente mes, en ocasión a una exposición anual organizada por el Ministerio de Agricultura y Ganadería, el ministro Enzo Cardozo dejo escapar un comentario ante la prensa que un supuesto grupo de inversores de la India, del sector de los agroquímicos, canceló un proyecto de inversión en Paraguay por la presunta corrupción en SENAVE. Nunca aclaro de qué grupo se trataba. En esas horas de aquel día se registraban los trágicos sucesos de Curuguaty.

¿Por qué derrocaron a Lugo?


Atilio Borón

Aporrea, Venezuela, Fecha de publicación: 23/06/12. Hace unos minutos se acaba de consumar la farsa: el presidente del Paraguay Fernando Lugo fue destituido de su cargo en un juicio sumarísimo en donde el Senado más corrupto de las Américas -¡y eso es mucho decir!- lo halló culpable de "mal desempeño" de sus funciones debido a las muertes ocurridas en el desalojo de una finca en Curuguaty.

Es difícil saber lo que puede ocurrir de aquí en más. Lo cierto es que, como lo dice el artículo de Idilio Méndez que acompaña esta nota, la matanza de Curuguaty fue una trampa montada por una derecha que desde que Lugo asumiera el poder estaba esperando el momento propicio para acabar con un régimen que, pese a no haber afectado a sus intereses, abría un espacio para la protesta social y la organización popular incompatible con su dominación de clase.

Pese a las múltiples advertencias de numerosos aliados dentro y fuera de Paraguay, Lugo no se abocó a la tarea de consolidar la multitudinaria pero heterogénea fuerza social que con gran entusiasmo lo elevó a la presidencia en Agosto del 2008.

terça-feira, 22 de maio de 2012

NÃO SE VENDE UMA CIDADE


por  Palowa Mendes
Um dos grandes dilemas da sociedade do XXI é ocupação urbana, na maioria delas desordenada. Capitais de todo o mundo debruçam-se em busca de soluções que permitam redesenhar as cidades de forma sustentável, harmônica e que considerem o bem estar do cidadão. Encontrar alternativas que promovam o desenvolvimento econômico suas estruturas como: mobilidade eficiente, logística de escoamento de rede produtiva, fontes de energias limpas, gestão eficiente dos resíduos sólidos, saneamento, acesso moradia, educação, saúde e cultura e que garanta a manutenção de espaços públicos coletivos e a preservação do ecossistema local é pauta mundial. As soluções, que são desafiadoras, passam pelo envolvimento de todos os setores da sociedade civil e pelo compromisso do poder público em cumprir seu papel fundamental que é de norteador dessas buscas e garantidor do patrimônio público que é de todos. E esse é o motivo que causou completo estranhamento da população de nossa cidade quando o poder público municipal começa a se desfazer de seu patrimônio, a título de angariar fundos para seus cofres. O que se pode dizer sobre isso, a partir de que momento o patrimônio público se transforma em moeda para o imediatismo do capital? Até que ponto um cidadão, que está prefeito, pode se desfazer do patrimônio que é de todos, deixando para as gerações futuras de nossa cidade o problema da falta de espaços públicos? Até que ponto um administrador pode lançar mão do patrimônio que é do povo sem consultá-lo?

Não se mata a voz, nem o seu movimento!*


por Laila Vieira de Oliveira, sexta, 18 de Maio de 2012 às 18:24 ·
                 Todas as vezes, nesses cinco anos, que eu desço do carro de som, no fim do carnaval manifestação do 18 de maio em BH, lembro do primeiro dia em que subi(eu disse à Mirian Abou-yd: eu posso dar um troço lá em cima em qualquer momento, começar a chorar e descer! Ela: “tudo bem!”), creio que comecei em 2009, antes eu estava junto com todos embaixo e nos primeiros anos eu não queria mesmo estar em cima, mesmo sabendo que o que se vê de lá, não se vê lá embaixo, mas é embaixo que a luta acontece! É embaixo que a cidade fica colorida! Depois fui dando corda a possibilidade de ser uma voz, uma das que compõem aquele dia, mas muitas são as vozes que fazem essa coisa acontecer!
            Quem nunca acompanhou a construção(construção coletiva de verdade) de uma das manifestações mais organizadas da cidade de Belo Horizonte não pode compreender quando a gente fala dessas vozes! E é nisso que esse movimento, no qual milito não organicamente, tem apostado nos últimos anos, de cara na rua.
            É preciso entender que o dia 18 de maio não é o único dia da luta antimanicomial, que o dia 18 de maio é o dia de a gente dizer, colocar a voz na rua, todas elas, as que nós todos escutamos, as que os loucos escutam todos os dias, inclusive na hora da manifestação! Assim se poderia compreender a complexidade dessa construção e entender que uma luta se faz dia a dia, compreendendo as dificuldades, acessando as dúvidas, criticando-se e avaliando-se.

domingo, 22 de abril de 2012

Eleições: por uma Belo Horizonte além do possível

Companheiros/as,
convidamos vocês para participarem desta importante reunião. Vamos discutir as eleições de Beagá. A presença de vocês é muito importante para nós.

domingo, 15 de abril de 2012

Unificação da carreira docente em BH: uma história de muitas lutas!

Manifestação dos Diplomas 16/04/12
Nós, professoras do ensino fundamental da Rede Municipal de Belo Horizonte que fizemos concurso público até o ano de 2003, assumimos nosso cargo com o curso de magistério de nível médio. De lá pra cá, investimos na profissão, estudamos, concluímos a graduação, fizemos pós, algumas mestrado e doutorado. Ou seja, entramos na PBH com a mesma formação que agora o governo “acusa” terem as educadora infantis. 
Nosso investimento na carreira está vinculado às lutas e conquistas da categoria e que o governo municipal insiste em desconstruir junto à população. Por isso, fazemos aqui um breve relato da luta pela valorização do trabalho das professoras primárias e das educadoras infantis da Rede Municipal de BH. Resgatar esta história é fundamental para o reconhecimento da importância do trabalho das educadoras e da urgência de valorização do trabalho feminino pelo poder público de todas as esferas.
Lutamos durante anos para o cumprimento legal que estabelecia pagamento igual para todos/as os/as docentes conforme a escolaridade, independente do nível de atuação docente, reivindicação conhecida em BH como “pagamento por habilitação”.
Conquistamos esta igualdade, regulada, em 1990, na Lei Orgânica do Município. Entretanto, a PBH mantinha a discrepância salarial entre professoras/es com formação nível médio, que recebiam 30% do salário daquelas/es com formação de nível superior. Mais luta, e em 1993, as professoras com curso nível médio passaram a receber 65% do salário do/a professor/a com graduação.

Verticalização Não!!! Diga sim à Pampulha!!!

Na manhã de domingo, mais de cem pessoas fizeram uma caminhada na Lagoa da Pampulha, para protestar contra a construção de dois hotéis de 13 andares, a 1,5 Km da orla.  A caminhada começou na Praça Dalva e terminou na igreja São Francisco de Assis. Do outro lado da rua acontecia o encontro do PT para definir o apoio ao Sr. Lacerda, principal articulador da verticalização da Pampulha. Aproveitando a ocasião, os manifestantes gritaram palavras de ordem exigindo que o povo seja ouvido e a Pampulha preservada, pois é uma área verde fundamental para a cidade e um ponto de descanso e lazer para a população da capital mineira.

Aniversário da Comunidade Dandara: 3 anos de luta pela moradia!

Comunidade Dandara comemora três anos de ocupação

Em 9 de abril de 2009, um terreno de 315 mil metros quadrados foi ocupado por 150 famílias, dando origem à comunidade
As rugas nos rostos de Joaquim Ferreira Lemos, de 76 anos, e de sua mulher, Maria da Penha Lemos, de 74, trazem a história de 52 anos de lutas do casal. A última delas já dura três anos, pelo direito de posse de sua casa, na rua Pedro do Pedreiro, número 777, na Comunidade Dandara. “Não tira foto não moço, que não vai prestar”, brinca dona Maria, juntamente com o marido, que para por algum tempo de mexer uma massa de cimento com a enxada. Os olhos do casal se iluminam quando dizem: “Se Deus quiser, um dia essa casinha será nossa”. Com 11 filhos vivos, o casal ocupa um dos 897 dos lotes da Comunidade Dandara.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Construindo a carreira docente na educação básica

A Revista Nova Escola publicou uma matéria sobre professores/as que têm doutorado e permanecem na educação básica. Quatro pessoas foram entrevistadas para a reportagem. Entre elas, eu.
Veja a matéria abaixo:

sábado, 10 de março de 2012

Mulheres organizadas interditam a Praça Sete e decretam a Praça 08 de Março no centro de Belo Horizonte

Lívia Bacelete, da Marcha Mundial das Mulheres

No Dia Internacional das Mulheres, cerca de 1.500 manifestantes decretaram que a Praça Sete de Setembro, símbolo de manifestações políticas e culturais de Belo Horizonte, dali para frente não mais será conhecida por este nome. Durante um ato público, foi instaurada a Praça 08 de Março, simbolizando a luta das mulheres pelo fim da opressão e do machismo no centro da capital mineira.

Manifestantes de movimentos feministas, sociais, sindicais, estudantis, coletivos culturais e outras organizações estiveram reunidas durante todo o dia, realizando ações pelas ruas da cidade. O ato público reuniu mulheres de todo o estado e foi construído a partir de três temáticas: Violência, Educação Infantil e Nosso Corpo nos Pertence.
Maria Aparecida Alves, a Cidona, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), veio do Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas Gerais, para participar da manifestação. “Entendemos que este não é um dia de ganhar presentes, mas um dia de fazer luta por uma transformação social, por justiça e igualdade, para que as mulheres não sejam violentadas em todos os sentidos”.
Enquanto as mulheres do SindiREDE-BH (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte), em assembleia, definiam greve da categoria a partir do dia 14 de março. As mulheres da Via Campesina e da Marcha Mundial das Mulheres ocupavam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), cobrando agilidade na reforma agrária e denunciando o capital estrangeiro na agricultura, através das empresas transnacionais.


No fim da tarde, todas manifestantes se encontraram na Praça da Estação para dar início ao ato público unificado. Clarisse Goulart, da Marcha Mundial das Mulheres, explica que há 101 anos, o dia 08 de março foi definido, em uma Conferência de Mulheres Socialistas, como um dia de luta para as mulheres de todos os países pela transformação da sociedade e fim do machismo. “Nós, aqui em Minas Gerais, não fazemos diferente. Estamos juntas com mulheres do mundo inteiro na luta, principalmente, para acabar com a violência que tem matado as mulheres, seus sonhos e suas utopias”.


A primeira intervenção aconteceu em frente à Prefeitura Municipal, cobrando educação infantil pública e de qualidade para as crianças de 0 a 6 anos e tratamento digno para as professoras. De acordo as trabalhadoras da educação infantil, o prefeito Márcio Lacerda opta por não apostar na qualidade do atendimento pedagógico para as crianças, jovens e adultos estudantes da cidade. As mulheres denunciaram que, ao invés disso, ele investe o dinheiro da educação em projetos de assistência social, na aparência das unidades de ensino, em doações de uniformes, tênis e Kits escolares e em propaganda, vislumbrando as próximas eleições.
Seguindo em frente, foi feita outra ação em frente ao Palácio da Justiça, evidenciando a violência contra a mulher. As manifestantes se colocam contra a violência sexista e doméstica, a desigualdade salarial, o assédio sexual e moral no trabalho. Elas também denunciam o descaso dos governos com moradia, saúde e educação, a violência do Estado contra as mulheres pobres e negras e das grandes empresas do agronegócio contra as mulheres camponesas.


A próxima parada foi em frente ao supermercado Carrefour. As mulheres atacaram as transnacionais e o avanço do agronegócio, defendendo a reforma agrária com uma agricultura familiar e agroecológica, sem o uso de agrotóxicos. O agronegócio e seu modelo de agricultura industrial transformam o Brasil no maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009.
“O avanço do agronegócio no campo destrói nossas águas, nossas terras e rouba nossas riquezas naturais”, conta Marili Zacarias, da direção nacional do MST. Ela acredita que essa situação deve ser denunciada e só será revertida, quando o campo e a cidade estiverem unidos.

As mulheres seguiram em marcha e fizeram ainda duas paradas, a primeira em frente ao Ministério da Saúde e segunda na Igreja São José. Elas reivindicaram o controle de seus próprios corpos e o cobraram o veto da Medida Provisória 557, que prevê o cadastro obrigatório para as gestantes, violando a intimidade da mulher e ampliando o controle do Estado na gravidez.
As manifestantes exigem que o Ministério da Saúde e o governo federal, em conjunto com a sociedade civil, enfrentem o debate do aborto inseguro, que é a terceira causa de morte materna no Brasil. Elas defendem a necessidade de políticas de atendimento às mulheres que decidem interromper uma gravidez indesejada.
“Nem os papas, nem os juízes, nem os homens engravatados vão dizer o que nós, mulheres, temos que fazer com nosso corpo”, afirma Clarisse Goulart, da Marcha Mundial das Mulheres. Ela explica que o aborto é um problema de saúde pública, mas é também uma questão de autonomia das mulheres.

Na parada em frente à igreja, as mulheres atacaram o controle ideológico feitos pelas religiões em relação à autonomia sob seus corpos. Eduarda Figueiredo, da Associação Lésbica de Minas (ALEM), afirma que as lésbicas, bem como toda a comunidade LGBT, têm sofrido com a bancada evangélica, com o apoio da igreja, que vem barrando as propostas de políticas públicas contra a homofobia. “Estamos na rua justamente para demonstrar que temos orgulho de ser assim, isso não é doença, não é pecado, não é amoral, nós só temos uma manifestação de amor diferente”.
A marcha continuou até a Praça Sete. Neste momento, o local foi interditado por mulheres que estão construindo sua autonomia. Com uma animada e colorida ciranda, elas decretaram a inauguração do novo espaço público da cidade: a Praça 08 de Março.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Mulheres ocupam a sede do Incra em Minas Gerais no Dia Internacional da Mulher

Lívia Bacelete, da Marcha Mundial das Mulheres

Cerca de 500 mulheres da Via Campesina e da Marcha Mundial das Mulheres ocuparam hoje (08) pela manhã a sede do Incra em Minas Gerais. A ocupação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas 2012 e dá continuidade à luta das mulheres em nível nacional, regional e local por uma sociedade justa e igualitária.
A ação tem como objetivo denunciar o capital estrangeiro na agricultura, através das empresas transnacionais, e quer chamar a atenção da sociedade para o modelo destrutivo do agronegócio para o meio ambiente. O agronegócio ameaça a soberania alimentar do país e a vida da população brasileira, afetando de forma direta a realidade das mulheres.
As mulheres cobram agilidade na Reforma Agrária, pois há seis anos nenhuma área é destinada a este fim em Minas Gerais. Atualmente, 3.700 famílias vivem em condições precárias em 50 áreas de acampamento no estado à espera da reforma agrária.
No município de Felisburgo, Vale do Jequitinhonha, cinco trabalhadores rurais Sem Terra foram assassinados há 8 anos. O fazendeiro Adriano Chafick, mandante do crime, continua em liberdade. As famílias estão ameaçadas de despejo, pois a justiça expediu mandado de reintegração de posse em dezembro de 2011. A área deveria ser desapropriada por crime de violência no campo e por crime ambiental, mas o Novo Código Florestal beneficia o fazendeiro.
Diante disso, as mulheres do campo e da cidade se manifestam contra o novo Código Florestal, que privilegia os setores ruralistas que apoiam a anistia para quem desmatou até julho de 2008. Denunciam o agronegócio e seu modelo de agricultura industrial, que transforma o Brasil no maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009.
As manifestantes também reivindicam assistência técnica e crédito para as mulheres, implementação de cirandas infantis para as crianças de 0 a 6 anos e restaurantes comunitários nas áreas de reforma agrária.
Com a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas 2012, a Via Campesina e a Marcha Mundial das Mulheres querem combater todas as formas de opressão e violência que atingem, principalmente, as mulheres. Dados da “Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180”, mostram que das mulheres que denunciaram terem sofrido violência em 2008, 91% são da zona urbana e 4,7% da zona rural, o que evidencia as dificuldades de acesso das mulheres camponesas, inclusive para fazer a denúncia.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

300 militantes negros no Shopping Higienópolis provocaram um frenesi nas faces brancas e rosadas da elite brasileira

fevereiro 12th, 2012 by mariafro - Por Francisco Antero, via Facebook

02 de maio de 1967 e 11 de fevereiro de 2012. O que há em comum entre estas duas datas? Naquele primeiro momento vivia-se nos Estados Unidos da América um turbilhão de embates sobre a condição dos negros e negras na sociedade norte-americana. E naquele momento um grupo de 29 panteras negras, militantes e guerreiros em prol de um tratamento igualitário, promovem uma entrada triunfal e convicta no Capitólio.
O Congresso americano tomou um susto quando aquele grupo, aquela pequena onda negra adentrava a “casa do povo”, estavam de armas em punho, pois até ali, as leis permitiam que qualquer norte-americano portasse armas de fogo. Não era crime algum.
Um tabu e medo que perseguem a sociedade burguesa desde sempre, qual seja, armas na mão do povo, do eleitor. Entraram e fizeram seu discurso antirracista perante deputados brancos e assustados. Pois bem, 45 anos depois, outra onda de tamanho dez vezes maior, mas com a mesma demanda adentrava de forma surpreendente um símbolo da sociedade burguesa atual, um Shopping Center.
As armas que portavam não eram de fogo, eram armas verbais, armados orgulhosamente com a cor negra. Militantes do movimento negro em São Paulo após passeata entoada por palavras de ordem pegaram de surpresa a segurança do Shopping Higienópolis, eram por volta de 16:00 da tarde quando uns 300 militantes adentraram rapidamente e provocaram um frenesi nas faces brancas e rosadas da elite privilegiada deste país.
Ultrapassada as três portas principais, objetivava-se agora chegar ao ponto central desta casa que é a antítese da casa do povo. Os seguranças tentaram impedir, havendo um início de tumulto, logo superado pela onda negra que fazia pressão para que não se parassem nos corredores. Tomamos o ponto central com nossas bandeiras, com nossas palavras, com nossa cor preta.
A disposição arquitetônica deste centro mercantilista é perfeita para este tipo de ato, pois dos vários andares poder-se-ia avistar o nosso grito de protesto de onde estávamos. As forças de segurança do Estado racista brasileiro estavam em nosso encalço, mas fizeram as intervenções de rotina. Os militantes do movimento negro se revezavam no microfone para dar o recado nunca antes ouvido pela elite branca que gastava ali o dinheiro advindo do suor do povo negro deste país.
Os olhares de perplexidade foram a tônica, incredulidade da burguesia por termos chegado até onde chegamos. Ouvir verdades nunca foi o forte desta gente. Enfatizo o fato de poder ter sido qualquer outro Shopping o alvo, mas era preciso algo a simbolizar nossa história de exclusão. Este templo do consumo carrega em seu nome a característica eugênica de nossa elite branca pensante de fins do século XIX e início do século XX.
Nossas palavras fizeram eco. Nossa intenção jamais foi reclamar participação e existência naquele ambiente de luxo. Nossa intenção era denunciar olho no olho para quem vive as custas do suor do povo negro. Encerramos a manifestação e nossa alma foi duplamente lavada pela chuva que caía sem cessar. Vivemos hoje um grande momento de Panteras Negras com esta entrada. O Povo negro deste país existe e vai exigir sua participação nas riquezas deste país, doa a quem doer.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Para Nunca mais esquecermos: Carta Denúncia da omissão de socorro em saúde aos moradores do Pinheirinho!

A secretaria de saúde do PSOL Paraná vem a público manifestar seu repúdio às ações violentas de despejo ocorridas no Pinheirinho em São José dos Campos perpetradas pelo governo Alckimin (PSDB) e mais, vem denunciar a onda de desrespeito à saúde das pessoas despejadas.
No momento da truculenta reintegração, pertences das pessoas que lá viviam foram apreendidos, ou mesmo queimadas e perdidos com as máquinas de demolição que nada deixaram inteiros, nem mesmo a integridade das pessoas! Com isso perderam-se receitas médicas, exames, medicamentos de controle da hipertensão, diabetes e até mesmo psicotrópicos. À exemplo daquilo que já acontece com a população em situação de rua da cidade de São Paulo e dos usuários de crack.
Com a atrocidade do Estado e com a violência policial no momento da reintegração muitas pessoas passaram mal, e não tiveram aporte necessário para atendimento tanto a curto quanto a médio prazos.
Resultado: pessoas que ficaram sem acesso a seus medicamentos e que desencadearam crises hipertensivas e diabetes descompensadas, e pessoas que ficaram sem seus medicamentos psicotrópicos e que entraram em surto psiquiátrico tanto pelo enorme estressor externo da reintegração, acrescido da falta do medicamento de uso contínuo.
Foi necessário o trabalho de profissionais de saúde militantes de organizações políticas de esquerda na organização de “hospital    de campanha” para cuidar das pessoas feridas, das gestantes e crianças desassistidas, das inúmeras pessoas desidratadas. No improviso de “macas” feitas com lençóis.
O abuso policial e violência do Estado já eram conhecidos por todos nas ações no Pinheirinho, porém a negligência e a omissão na saúde até então passou “despercebida” pela mídia, além de sucessivos erros no atendimento aos feridos, houve um cerco da mídia sobre o número de feridos, já que a censura do PSDB agiu "brilhantemente" na omissão da comunicação. Não deixou ninguém ter acesso a pronto socorros e IML, numa clara tática de esconder e mascarar fatos. Também não esqueceremos das inúmeras denúncias omitidas de abuso sexual por parte dos PM.
Reafirmamos a importância de denunciar os fatos ocorridos e de não deixarmos esta ação impune e no esquecimento, nós lutadores de saúde divulgaremos a todos os meios de comunicação, movimentos sociais de saúde, conselhos de saúde e sindicatos. Basta de Violência Institucional, de coerção dos direitos à moradia, saúde e dignidade humana!
Paraná, 04 de fevereiro de 2012.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Da economia verde, @s indignad@s e os fóruns sociais

Esther Vivas

A defesa dos bens comuns, os ecosistemas e a biodiversidade é hoje um dos temas mais importantes na agenda dos movimentos sociais na América Latina e isto é precisamente o que está em jogo na Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Río+20, que terá lugar em junho de 2012 no Rio de Janeiro. O Fórum Social Temático 'Crise capitalista, justiça social e ambiental', encerrado no domingo passado dia 29 em Porto Alegre (Brasil), sirviu para estabelecer as bases para a mobilização social frente a esta reunião chave.

A ofensiva do capitalismo, via economia verde, para privatizar todos os âmbitos da vida e da natureza se intensifica. E em um contexto de crise econômica como o atual, uma das estratégias do capital para recuperar a taxa de lucros se baseia na mercantilização dos ecosistemas. Dessa forma, se apresentam as novas tecnologías (nanotecnologia, agrocombustíveis, geo-engenharia, transgênicos...) como a alternativa a crise climática quando estas não fazem senão intensificar a crise social e ecológica que enfrentamos.

Tudo aponta para que a Cúpula do Rio +20 sirva para desobstruir o caminho das empresas para legitimar suas práticas de apropriação dos recursos naturais. Daí a importância da Cúpula dos Povos do Río+20, que se celebrará dias antes da cúpula oficial, organizada por um amplo espectro de movimentos sociais e que apresentará um programa e um caminho alternativo.