segunda-feira, 10 de abril de 2017

Direitos Humanos, Resistência Cultural e Juventudes


Estamos retomando as publicações neste blog. Começamos pelo texto apresentado em janeiro de 2017 na Zona Megafônica cuja temática foi "Direitos Humanos, Resistência Cultural e Juventudes".
Agradecemos de coração à companheira Analise da Silva pelos dados sobre a EJA e ao companheiro Thiago Ávila pelos informações sobre tecnologia e deslocamentos humanos.

Direitos Humanos, Resistência Cultural e Juventudes

Para nós, o debate sobre os direitos humanos, a resistência cultural e as juventudes é uma urgência para a construção coletiva de alternativas ao capitalismo e ao modo de vida que ele produz para a construção da revolução socialista. É uma urgência em um país que vive um momento de entrega de suas riquezas e retirada de direitos. Um país que vive um golpe político-midiático-parlamentar.

A crise capitalista atual nos impõe a máxima de Rosa Luxemburgo: socialismo ou barbárie.

Vivemos um momento histórico de encruzilhada de destinos e precisamos construir cotidianamente o destino que queremos para a humanidade.
Eles, os capitalistas já demonstraram que a concentração cada vez maior riqueza é o seu objetivo. Oito pessoas, homens brancos, concentram em suas mãos a riqueza equivalente de outros 3,6 bilhões, a metade mais pobre da população mundial, como denunciou a Ong Oxfam.
As fronteiras migratórias vão se fechando: EUA (Trump), Reino Unido (Brexit) e com potencial de piorar drasticamente (se Marine Le Pen ganha na França em abril).
Quatro mil pessoas morreram afogadas no mediterrâneo em 2015. Duzentas mil pessoas são refugiadas no mundo. E uma em cada sete pessoas é migrante de alguma forma no mundo.
O feminicídio cresce no mundo e em nosso país. O genocídio da juventude negra é alarmante. E o número de encarceramento humano é assustador.
O governo golpista congela os investimentos sociais em saúde e educação. Em um país com 14 milhões de pessoas com 15 anos ou mais não alfabetizadas; 52 milhões de pessoas com 15 anos ou mais sem ensino fundamental completo; 22 milhões de pessoas com 18 anos ou mais sem ensino médio completo. Isto significa 88 milhões de cidadãos e cidadãs sujeitos da EJA, segundo o IBGE, ou seja, 43% da população brasileira.
A destruição do planeta é um fato concreto apontado por vários pesquisadores e pesquisadoras. Entretanto, o presidente da nação mais consumista do mundo nega o aquecimento global. Enquanto isso, refugiados climáticos aumentam drasticamente pelo mundo. O governo Temer perdoa a Samarco por ter assassinado um rio! Zika virus e febre amarela são consequências imediatas da atual política de produção, bem como a escassez de água potável.
A quarta revolução industrial impõe ao mundo do trabalho um processo de precarização e pjotização das relações trabalhistas. A maior empresa de transporte do mundo é um aplicativo, a Uber, que não tem um único carro. A maior rede de hospedagem do mundo é um aplicativo, Airbnb, sem nenhum quarto de hotel. O programa de inteligência artificial da IBM, Watson, já ganha do maior jogador de xadrez do mundo, já detecta tumores melhor que os médicos e jurisprudência e legislação melhor que advogados. A Amazon já faz entregas de encomendas via drone. A Alibaba tem um aplicativo de realidade virtual que você compra em uma loja da Macy’s os produtos que eles vendem no site como se estivesse andando na loja. A automação vai diminuindo drasticamente a quantidade de trabalhadores em parques industriais e criando um imenso exército de reserva do precariado.
Nossas respostas e alternativas coletivas já estão sendo construídas por diferentes gerações e por nossas juventudes: nas ocupações no campo, na agricultura familiar, nas ocupações urbanas, nas ocupações nas praças e ruas, nos saraus, através de diferentes linguagens do Hip-Hop ao Funk, do grafite à pichação, do teatro, da dança, do carnaval. Nas diferentes formas de organização de subsistência com cooperativas e projetos que emancipam economicamente diversos setores da nossa classe totalmente alijado do “futuro” das grandes empresas.
Nas lutas pela diversidade: pelos direitos das mulheres, pelos direitos à diversidade étnica/racial, pelos direitos LGBTs, pelos direitos à diversidade geracional, pelos direitos à multiplicidade religiosa/espiritual.
Para nós, a construção da revolução socialista se dá em cada ação cotidiana individual e coletiva. Ela incorpora, necessariamente, o debate da classe trabalhadora em toda a sua diversidade humana.
Ele exige a reconstrução da solidariedade como princípio ético das ações individuais e coletivas.
Ela se constrói a partir de agora, em cada ação de resistência que somos capazes de construir.
Plagiando o Alcova Libertina, em tempos de Carnaval, nós dizemos aos moralistas que estão chegando que nós, as libertárias e libertários, não os deixaremos passar. Fazemos todos os dias as nossas barricadas de resistência e não deixaremos que calem nossa esperança e nosso sorriso. Porque temos a convicção que gente nasceu para brilhar. Então, brilha!