domingo, 15 de abril de 2012

Aniversário da Comunidade Dandara: 3 anos de luta pela moradia!

Comunidade Dandara comemora três anos de ocupação

Em 9 de abril de 2009, um terreno de 315 mil metros quadrados foi ocupado por 150 famílias, dando origem à comunidade
As rugas nos rostos de Joaquim Ferreira Lemos, de 76 anos, e de sua mulher, Maria da Penha Lemos, de 74, trazem a história de 52 anos de lutas do casal. A última delas já dura três anos, pelo direito de posse de sua casa, na rua Pedro do Pedreiro, número 777, na Comunidade Dandara. “Não tira foto não moço, que não vai prestar”, brinca dona Maria, juntamente com o marido, que para por algum tempo de mexer uma massa de cimento com a enxada. Os olhos do casal se iluminam quando dizem: “Se Deus quiser, um dia essa casinha será nossa”. Com 11 filhos vivos, o casal ocupa um dos 897 dos lotes da Comunidade Dandara.

A saga do casal septuagenário é mais um das histórias das cerca de cinco mil moradores da Comunidade Dandara, que comemora o terceiro aniversário de ocupação neste sábado (14). Em 9 de abril de 2009, um terreno de 315 mil metros quadrados foi ocupado por 150 famílias, dando origem á comunidade.
Luz e água são obtidas por meio de ligações clandestinas (gatos), uma vez que a posse da propriedade está em litígio. Os moradores querem pagar IPTU para terem seus endereços e receberem suas correspondências, bem como regularizarem os serviços de água e luz. Mas essa realidade ainda parece distante e demandará muita luta.
Desapropriação
O frei Gilvander Moreira, um dos coordenadores do movimento, defende a desapropriação do terreno como única saída para resolver o problema das mil famílias que ocupam a área. Moreira revela que já esteve reunido com a presidente Dilma Rousseff (PT) que lhe deu garantias de que, tão logo essa situação se resolva na Justiça, o Governo federal injetará recursos do Programa Minha Casa Minha Vida no local.
Moreira critica a ação judicial que determinou a saída dos moradores da comunidade da área, classificando-a como “injusta, imoral e covarde”. Ele afirma que, antes de ser ocupada, a propriedade não era utilizada e estava ociosa há vários anos. Ao expedir um mandado de despejo, o Judiciário não considerou a função social da área, que hoje abriga cerca de 5 mil pessoas. “Não há como colocar essas pessoas na rua. Além disso, esses problemas não podem ser resolvidos com repressão”, diz, que também cobrou a apuração do que ele chamou de terrorismo psicológico por parte da polícia, ao amedrontar e ameaçar os moradores da comunidade.
Mas, neste sábado (14) os problemas foram esquecidos e todos celebraram o terceiro aniversário da ocupação. Logo na entrada da comunidade, no bairro Céu Azul, região da Pampulha, foi montado um palco para uma grande festa. Lá também estavam Moreira, que ajudava na ornamentação do local e Ângela Fagundes, Sônia Mendes, Jeilza Lima, Tânia e Vilma, que ajudavam a enfeitar um bolo gigante de chocolate e brigadeiro. Elas são líderes da comunidade e sonham um dia em legalizar a situação de suas pequenas casas, a maioria de apenas dois cômodos. “Isso aqui é minha vida”, resume Sônia. A festa, que iria avançar noite adentro, ia ser animada por um grupo de violeiros, além de outros artistas.
Fonte: www.foralacerda.com