Apresento aqui algumas reflexões sobre os debates desta
semana, sem entrar nas minhas divergências políticas com os projetos colocados,
seja por suas similaridades ou diferenças. Sem entrar na minha avaliação dos
rumos do PT e dos governos de Lula e Dilma. Dito isto, sigamos.
Vi os debates da BAND e do SBT. Em ambos, me chamou a
atenção o estilo machão troglodita do candidato Aécio em plena forma.
Senti falta da Luciana Genro e o seu “não levante o dedo pra
mim”. Sim, quando andamos pelas ruas é uma das frases que as pessoas mais
repetem dos debates do primeiro turno. E por quê?
Porque diante de um machista convicto e inveterado é
necessário uma ação contundente para deixa-lo em seu lugar. Por isso, senti
falta da presidenta dar um chega pra lá no sujeito. Compreendo os seus limites.
Sei que não são pessoais. Afinal ela é a presidenta do país, da qual se cobra
uma postura de autocontrole absoluto.
Mas, por ser a primeira presidenta deveria contestar o seu
machismo, por ela e por nós, todas nós, mulheres que enfrentamos todos os dias
tipos aecianos em casa e nas ruas.
Porque, em minha opinião, os ataques à presidenta e candidata à
reeleição, incorporam uma desconstrução da capacidade de liderança feminina. Os
termos utilizados, desde a abertura dos jogos da Copa, passando pelos
comentários na internet, a exemplo do comentário de Malafaia no twitter,
demonstram a violência machista.
Termos similares foram utilizados contra Luciana e Marina no
primeiro turno, inclusive sobre seus cabelos, forma de falar e vestir. As três
mulheres na disputa eleitoral pela presidência do país, com diferenças e
similitudes politicas, não se encaixam para Felicianos, Bolsonaros e Malafaias,
nos padrões exigidos. Por uma simples questão: estes senhores acreditam que
lugar de mulher é na cozinha e não na política.
Sei que a presidenta não é uma militante feminista. Isto faz
falta, pois a formação feminista nos ajuda a detectar com maior rapidez o
ataque simbólico de um machista. Por isso, Luciana se destacou. Ao dizer “não
levanta o dedo pra mim” ela desmontou em público o que desmontamos todos os
dias no espaço privado. Ela lembrou a todos/as que nós mulheres temos o direito
de estarmos ali, no espaço público e disputar o poder.
Aécio, quando chama todas as suas adversárias de mentirosas
e levianas (ele usou os mesmos termos para Luciana, Marina e Dilma) e põe o
dedo em riste, está dizendo a todas nós que nosso lugar não é ali, que não
temos o direito de disputar o poder.
A presidenta, ao seu estilo é claro, deveria dar um basta. O
primeiro deles é quando for chamada de mentirosa ou leviana. Um sujeito que
dirige bêbado, que bate em mulher, pratica nepotismo e malversação das coisas
públicas não tem autoridade moral para dizer a qualquer pessoa que ela é
leviana ou mentirosa. O segundo é quando ele levantar a voz e colocar dedo em
riste. Estes são dois gestuais machistas que precisam ser denunciados na
primeira ação. Em um debate político é inaceitável o tratamento desrespeitoso
entre os participantes. E chamar a atenção do público para tal fato é
fundamental. É tão corriqueiro os homens utilizarem destes gestuais que parece
“natural”. Isto é violência simbólica e precisa ser dito, para que nós,
mulheres e homens, do outro lado da tela desnaturalizemos estas ações.
FORA AÉCIO MACHISTA!
Maria da Consolação – militante do PSOL e candidata a
deputada federal /2014