Estamos retomando as publicações neste blog. Começamos pelo texto apresentado em janeiro de 2017 na Zona Megafônica cuja temática foi "Direitos Humanos, Resistência Cultural e Juventudes".
Agradecemos de coração à companheira Analise da Silva pelos dados sobre a EJA e ao companheiro Thiago Ávila pelos informações sobre tecnologia e deslocamentos humanos.
Agradecemos de coração à companheira Analise da Silva pelos dados sobre a EJA e ao companheiro Thiago Ávila pelos informações sobre tecnologia e deslocamentos humanos.
Direitos Humanos, Resistência Cultural e Juventudes
Para nós, o debate
sobre os direitos humanos, a resistência cultural e as juventudes é uma
urgência para a construção coletiva de alternativas ao capitalismo e ao modo de
vida que ele produz para a construção da revolução socialista. É uma urgência
em um país que vive um momento de entrega de suas riquezas e retirada de
direitos. Um país que vive um golpe político-midiático-parlamentar.
A crise capitalista
atual nos impõe a máxima de Rosa Luxemburgo: socialismo ou barbárie.
Vivemos um momento
histórico de encruzilhada de destinos e precisamos construir cotidianamente o
destino que queremos para a humanidade.
Eles, os capitalistas
já demonstraram que a concentração cada vez maior riqueza é o seu objetivo.
Oito pessoas, homens brancos, concentram em suas mãos a riqueza equivalente de
outros 3,6 bilhões, a metade mais pobre da população mundial, como denunciou a
Ong Oxfam.
As fronteiras
migratórias vão se fechando: EUA (Trump), Reino Unido (Brexit) e com potencial
de piorar drasticamente (se Marine Le Pen ganha na França em abril).
Quatro mil pessoas
morreram afogadas no mediterrâneo em 2015. Duzentas mil pessoas são refugiadas
no mundo. E uma em cada sete pessoas é migrante de alguma forma no mundo.
O feminicídio cresce
no mundo e em nosso país. O genocídio da juventude negra é alarmante. E o
número de encarceramento humano é assustador.
O governo golpista
congela os investimentos sociais em saúde e educação. Em um país com 14 milhões
de pessoas com 15 anos ou mais não alfabetizadas; 52 milhões de pessoas com 15
anos ou mais sem ensino fundamental completo; 22 milhões de pessoas com 18 anos
ou mais sem ensino médio completo. Isto significa 88 milhões de cidadãos e
cidadãs sujeitos da EJA, segundo o IBGE, ou seja, 43% da população brasileira.
A destruição do
planeta é um fato concreto apontado por vários pesquisadores e pesquisadoras.
Entretanto, o presidente da nação mais consumista do mundo nega o aquecimento
global. Enquanto isso, refugiados climáticos aumentam drasticamente pelo mundo.
O governo Temer perdoa a Samarco por ter assassinado um rio! Zika virus e febre
amarela são consequências imediatas da atual política de produção, bem como a
escassez de água potável.
A quarta revolução
industrial impõe ao mundo do trabalho um processo de precarização e pjotização
das relações trabalhistas. A maior empresa de transporte do mundo é um
aplicativo, a Uber, que não tem um único carro. A maior rede de hospedagem do
mundo é um aplicativo, Airbnb, sem nenhum quarto de hotel. O programa de inteligência
artificial da IBM, Watson, já ganha do maior jogador de xadrez do mundo, já
detecta tumores melhor que os médicos e jurisprudência e legislação melhor que
advogados. A Amazon já faz entregas de encomendas via drone. A Alibaba tem um
aplicativo de realidade virtual que você compra em uma loja da Macy’s os
produtos que eles vendem no site como se estivesse andando na loja. A automação
vai diminuindo drasticamente a quantidade de trabalhadores em parques
industriais e criando um imenso exército de reserva do precariado.
Nossas respostas e
alternativas coletivas já estão sendo construídas por diferentes gerações e por
nossas juventudes: nas ocupações no campo, na agricultura familiar, nas
ocupações urbanas, nas ocupações nas praças e ruas, nos saraus, através de
diferentes linguagens do Hip-Hop ao Funk, do grafite à pichação, do teatro, da
dança, do carnaval. Nas diferentes formas de organização de subsistência com
cooperativas e projetos que emancipam economicamente diversos setores da nossa
classe totalmente alijado do “futuro” das grandes empresas.
Nas lutas pela
diversidade: pelos direitos das mulheres, pelos direitos à diversidade
étnica/racial, pelos direitos LGBTs, pelos direitos à diversidade geracional,
pelos direitos à multiplicidade religiosa/espiritual.
Para nós, a
construção da revolução socialista se dá em cada ação cotidiana individual e
coletiva. Ela incorpora, necessariamente, o debate da classe trabalhadora em
toda a sua diversidade humana.
Ele exige a
reconstrução da solidariedade como princípio ético das ações individuais e
coletivas.
Ela se constrói a
partir de agora, em cada ação de resistência que somos capazes de construir.
Plagiando o Alcova
Libertina, em tempos de Carnaval, nós dizemos aos moralistas que estão chegando
que nós, as libertárias e libertários, não os deixaremos passar. Fazemos todos
os dias as nossas barricadas de resistência e não deixaremos que calem nossa
esperança e nosso sorriso. Porque temos a convicção que gente nasceu para
brilhar. Então, brilha!